Não tenho a resposta para esta pergunta, no entanto, o motivo dela estar nesse post é simples e explicarei em detalhes.
Há alguns dias realizei a habitual pesquisa no WWW.pubmed.com com minhas palavras-chave preferidas “sono, memória e sonhos”. O resultado, como sempre, uma série de novos artigos e algumas novidades, no entanto, um determinado trabalho chamou a atenção: “Dreaming of a Learning Task is Associated with Enhanced Sleep-Dependent Memory Consolidation” (que pode ser traduzido mais ou menos assim: “Sonhar com uma tarefa de aprendizagem é associado com a melhora da consolidação de memórias sono-dependentes”).
Com calma, chamou atenção por quê? E o que isso tem a ver com o título?
Respondendo duas perguntas de uma vez só, o trabalho chamou a atenção porque se parece e MUITO com o tema da minha tese de doutorado e responde de maneira positiva à aquela que seria a hipótese principal do meu doutorado.
Como me sinto? Numa mistura de decepção e alegria, decepcionado por saber que meu trabalho não é mais relevante, pois já fizeram algo muito parecido. Feliz por saber que depois de tanta leitura, tanto estudo, estou no caminho certo. Estou aprendendo a interpretar cada vez melhor os trabalhos que leio, e consigo juntar essas informações e formular hipóteses!
Sobre o trabalho do grupo de Harvard, assinado por Robert Stickgold,Matthew Tucker , Jessica Payne e Joseph Benavides, O que eles fizeram foi ao mesmo tempo simples e criativo:
Eles treinaram os sujeitos em uma tarefa de navegação virtual (um teste de labirinto virtual), e 5h depois estes mesmos sujeitos foram testados nesse mesmo labirinto virtual. Como já observado previamente, com o mesmo tipo de teste, sujeitos que tiveram a oportunidade de dormir uma sesta (soneca), apresentavam melhor desempenho no teste, quando comparados com aqueles que não haviam dormido. A NOVIDADE aqui nesse teste é que: os sujeitos que haviam MENTALIZADO o teste após o treino e em seguida tirado a sesta (soneca) demonstraram um melhor desempenho no teste. Além disso, o trabalho traz mais um resultado interessantíssimo: Sujeitos que haviam relatado VERBALMENTE sonhos relacionados com o teste demonstraram melhor desempenho.
Alguns detalhes interessantes: os despertares para o sujeito dizer se estava sonhando, e com o que estava sonhando, foram realizados durante o sono NÃO-REM. Chama a atenção por ser justamente em NREM, pois pouco se fala em sonhos, ou “atividade mental” (como chama o próprio autor) durante essa fase de sono. Mas a meu ver o que chama mais a atenção é a “sacada” dos pesquisadores, o sono NREM parece muito mais relacionado à consolidação de memórias hipocampo-dependentes.
Sendo assim, sonhar com o que aprendemos é algo que pode nos ajudar a melhorar o desempenho nesta tarefa aprendida.
Será que estamos a caminho de começar a entender as funções dos sonhos?
OS: Pessoal, se possível, me ajudem a identificar os termos que necessitam de maiores explicações, assim poderei montar um glossário e facilitar a leitura de todos ;-)
Att.
Felipe Beijamini